quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cartilha alemã expõe os códigos usados por radicais para veicular discursos de ódio de maneira cifrada

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SINAIS
Max H8, lido em inglês, significa ódio máximo. Tatuagem que sintetiza o movimento:
14 palavras seguidas do número 88, que representa HH, ou Heil, Hitler.


João Loes
A luta contra a presença cada vez maior de neonazistas na Europa e no mundo acaba de ganhar uma 
poderosa aliada. Trata-se da cartilha educativa “Das Versteckspiel”, que em tradução livre significa “escondendo o jogo”. Publicada na Alemanha na última semana, ela revela o significado de 150 có­digos usados frequentemente por neonazistas para comunicar, de maneira cifrada, seus discursos de ódio. Valendo-se dessa ferramenta, eles têm conseguido contornar a proibição à apologia do nazismo que vigora nos países que mais sofreram com as barbáries do Terceiro Reich. “Já não é tão fácil reconhecer um neonazista”, afirmou ao jornal alemão “Der Spiegel” o especialista em extremismo de direita Michael Weiss, um dos responsáveis pela cartilha. Com ela, a esperança é facilitar a identificação e a punição dessas pessoas.
Mas a tarefa continuará árdua. As mensagens hoje chegam como números, ícones e até peças de roupa com saudações codificadas a Hitler, invocações de ódio a Israel e de preconceito contra imigrantes (leia quadro). O número 14, por exemplo, frequentemente tatuado ou bordado, faz referência a uma frase com 14 palavras de um dos mestres do neonazismo, o americano David Lane, que diz: nós devemos assegurar a existência de nosso povo e o futuro das crianças brancas. “Procurar referências diretas ao nazismo para tentar coibi-lo ainda é uma boa ferramenta”, explica Adriana Dias, antropóloga do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo (LEER-USP). “Mas muita coisa passa despercebida.” 

A antropóloga explica, por exemplo, que só localizou um fórum de discussão neonazista depois de identificar o trecho de uma poesia de Lane em um dos tópicos. “Um trabalho como esse, de reunião dos símbolos usados pelos neonazistas, é uma ferramenta importantíssima”, diz. E o Brasil pode dar sua indesejável contribuição com a inclusão da sigla IH, de Impacto Hooligan. O grupo de radicais atacou quatro moradores de rua em São Paulo, no domingo 3 com socos e pontapés seguidos de gritos de “preto” e “nordestino”. A barbárie, infelizmente, é mundial.


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